Atividades culturais são importantes ferramentas para, em primeiro lugar, equilibrar a saúde mental, amenizar e compreender sofrimento psíquico
Muita música, brilho e alegria fizeram parte do CarnaCAPS, que reuniu, portanto, aproximadamente 200 usuários, familiares e profissionais dos serviços de Saúde Mental de Diadema, entre 15 e 17 de fevereiro.
A iniciativa pioneira teve como objetivos, acima de tudo, promover o reconhecimento de si mesmo e do território onde estão inseridos, além de acolher as dores e alegrias por meio da musicalidade e da cultura de carnaval.
Na quarta-feira (15), por exemplo, Silvana Maria da Silva participou do Bloquinho CAPS SUL com o BATE LATA, em frente ao Teatro Clara Nunes, na região central.
O grupo, formado por participantes da oficina de percussão, no CAPS Norte, utiliza, da mesma forma, entre outros instrumentos, baldes como tambores.
“Achei uma maravilha. O CAPS é vida, como se fosse uma família. Gostei de passear e ver o mundo aqui fora”, elogiou, em suma.
Para o usuário também do CAPS Sul, Alexsandro Silva Santos, a iniciativa foi, acima de tudo, positiva.
Tira da zona de conforto
“Ela me tirou de uma zona que é confortável. No meu caso, vivo isso constantemente (estar em atividades extra CAPS), mas as pessoas que ficam internas não é tão comum. Então acho que juntar os dois CAPS, é muito bom”, disse, em resumo.
“Quando pensamos na atividade, queríamos carnavalizar a saúde e a vida, que é trazer alegria, ritmo e amor, trabalhar com criatividade, desenvolver os adereços e escolher as músicas”, explicou, por exemplo, a psicóloga do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Sul, Mercedes Guarnieri.
“A música provoca e isso ajuda as pessoas. Trabalhar com música colabora para amenizar e compreender esse sofrimento”, ressalta, além disso.
Na quinta-feira (16.02), o CarnaCAPS promoveu o Baile de Carnaval no CAPS Sul.
Já na sexta-feira (17.02), foi a vez do CarnaCAPS com Cortejo.
A concentração foi no CAPS Norte e percorreu cerca de 500 metros até o Centro Cultural Vladimir Herzog.
As atividades contaram, além disso, com a parceria das Secretarias de Cultura e Mobilidade e Transportes.
Acolher
O impacto da doença mental é diferente em cada pessoa, podendo interromper o cotidiano e interferir em diversas áreas da vida com escola, trabalho, relações familiares e amorosas.
O convívio social sadio favorece o bem-estar e melhora a qualidade de vida, por isso, atividades que favoreçam essa interação são sempre bem-vindas.
Para Marineia da Silva, educadora física que trabalha na área de saúde mental há 12 anos, a ideia de fazer um percurso dentro da cidade permite “ocupar um centro público para lembrar dos centros culturais e enxergar esses lugares com potência para que os usuários de saúde mental possam estar presentes em outros momentos”, explicou.
O CarnaCAPS ainda possibilitou ampliar o olhar do profissional de saúde, como o estagiário de medicina Vinicius Praxedes Vermelho.
“O paciente é um ser humano, que tem família, religião, escolaridade e um universo inteiro para abranger. No CAPS, conhecemos o projeto terapêutico singular de cada um. Quando a gente vem para essas atividades em conjunto é muito bacana porque envolve o projeto terapêutico de todos ao mesmo tempo”, avalia.
Musicalização
Os bloquinhos de carnaval são fruto das oficinas de musicalização nos Centros de Atenção Psicossociais e fazem parte do projeto terapêutico do usuário.
“Todos os CAPS de Diadema usam a música como recurso terapêutico porque a música exercita várias áreas como memória, coordenação motora, percepção do ritmo, convivência com os outros participantes, resgate de memórias afetivas. É uma ferramenta de cuidado”, ressalta a apoiadora de Saúde Mental da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Heloísa Elaine dos Santos.
Rede
Encontrar tratamento adequado perto da família e da comunidade em que o indivíduo vive é um dos pilares da luta antimanicomial e do trabalho desenvolvido na rede de saúde mental de Diadema.
Para atender a população, a Prefeitura possui uma Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) que reúne três CAPSs tipo III, um CAPS Álcool e outras Drogas, um CAPS Infanto-Juvenil, equipes de saúde mental em todas as 20 Unidades Básicas de Saúde (UBSs), duas residências terapêuticas e um pronto socorro com enfermaria psiquiátrica no Hospital Municipal.
Nos CAPSs, além das atividades rotineiras como acolhimento, consultas, grupos terapêuticos, oficinas de pintura, musicalização, horta, entre outras, também é disponibilizada, em conclusão, a meditação como terapia complementar.
Serviço:
CAPS III ÁLCOOL E DROGAS (AD)
Rua Moacyr Goulart Cunha Caldas, 111
Tel.: (11) 98962-0565
Funcionamento: 24h
CAPS III LESTE (provisório até a mudança para novo prédio)
Rua Moacyr Goulart Cunha Caldas, 111
Tel.: (11) 98816-0402
Funcionamento: 24h
CAPS INFANTO JUVENIL (IJ)
Rua Safira, 20, Centro
Tel.: (11) 98816-1643
Funcionamento: segunda a sexta-feira das 7h às 18h
CAPS III NORTE
Endereço: Rua Capibaribe, 193 – Campanário
Telefone: 11 4071-9899
Funcionamento: 24h
CAPS III SUL
Endereço: Rua Nelson Rodrigues, 191 – Centro
Telefone: 11 4056-4009
Funcionamento: 24h