Joaquim Alessi
Segunda área de Santo André mais complicada para se resolver questões de ocupação de terrenos e imóveis (só perdia para o emblemático Centreville, já contemplado), o Jardim Alzira Franco avança definitivamente para a solução do histórico problema.
No final da manhã deste sábado (28.01), o prefeito Paulo Serra deu mais um gigantesco passo nesse sentido, em primeiro lugar.
Entregou, acima de tudo, mais 245 matrículas aos moradores do Jardim Alzira Franco.
A ação faz parte, portanto, do programa de regularização fundiária do município, que distribuiu cerca de 9 mil títulos de propriedade em diversas regiões da cidade desde 2017, sem nenhum custo para os munícipes.
Só em 2020, por exemplo, foram entregues 924 escrituras no mesmo bairro.
“Em breve chegaremos em 10 mil matrículas na cidade. Estamos nos aproximando de 90% de regularização aqui no Alzira Franco e logo contemplaremos todas as famílias. É um sentimento de pertencimento para cada um que recebe esta escritura e que nos deixa animados para prosseguir”, afirmou, em resumo, o prefeito Paulo Serra.
Trabalho difícil é realizado
Para se ter uma ideia da dimensão desse trabalho e de como ele é difícil de ser realizado, vale um testemunho pessoal.
Em meados de 1982, repórter, cobri a ocupação das luxuosas casas em construção no condomínio Centreville, ao lado do saudoso repórter-fotográfico João Colovatti.
Aliás, havíamos feito uma reportagem dias antes, quando uns poucos compradores já ali instalados reclamavam de problemas de águas e esgoto.
Lembro-me de, ao sair de lá, ouvir de Colovatti, já bem mais experiente, alertar: “Isso aqui é um paraíso, mas sem segurança. Se o pessoal não tomar cuidado, será todo invadido”.
Não deu outra. Poucos dias depois, estávamos na Redação do Diário do Grande ABC, com nossa chefe de reportagem, Maria Helena Domingues, e recebemos a notícia da ocupação.
Corremos ao local. Alguns repórteres passaram dias e noites lá, a exemplo de Cláudia Muller, relatando o que acontecia no movimento liderado pelo PC do B.
Promessa de campanha não cumprida
Na campanha ao governo do Estado naquele mesmo 1982, entrevistei o candidato ao Palácio dos Bandeirantes pelo PMDB, senador Franco Montoro.
Ele visitou o Centreville e “garantiu”, em resumo: “Resolveremos isso no meu governo”.
Passaram-se os quatro anos, mais quatro, e no total 40 anos, mas nada saiu do papel.
Não por falta de vontade, mas por faltar uma política fundiária estudada, capaz de resolver, e isso só aconteceu nos governos Paulo Serra.
Proprietárias
Resolvido o Centreville, agora é a vez do Jardim Alzira Franco.
A matrícula definitiva dos imóveis, mais que um papel, é o documento que torna as famílias, de fato, proprietárias da moradia.
Proporciona, além disso, inúmeros benefícios, como segurança jurídica, acesso a crédito e outros.
“Muito importante ter esse documento em mãos, agora tenho mais segurança”, disse, em suma, Ana Alves, uma das moradoras contempladas neste sábado.
O evento teve um palco emblemático: o ginásio da Emeief (Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental) Augusto Boal.
Augusto Boal, o criador do Teatro do Oprimido.
A entrega das matrículas foi feita por meio de parceria da Prefeitura de Santo André, via Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária, com o Governo do Estado.
Novas moradias
Além de atuar na regularização fundiária, a Prefeitura de Santo André também trabalha na viabilização de empreendimentos imobiliários.
O objetivo é beneficiar munícipes de baixa renda e reduzir o déficit habitacional do município.
Um dos exemplos é o Residencial Clara, cujas obras tiveram início no dia 16 de janeiro deste ano.
O conjunto, que está sendo construído no bairro Camilópolis, terá 480 apartamentos que vão beneficiar famílias cadastradas nos programas habitacionais da cidade ou que recebem aluguel social.
A construção deste empreendimento utiliza um conceito inovador e é realizada em um terreno público cedido pelo município.
As unidades habitacionais serão destinadas para a população de zero até três salários mínimos, de munícipes provenientes de demanda de aluguel social e de famílias cadastradas no Sihab (Sistema de Cadastramento Habitacional de Santo André).