Dinamara P Machado*
Para além do Big Bang e das diversas teorias que conduziram o humano, podemos aferir que foi a revolução cognitiva que possibilitou ao homo transformar-se em homo sapiens e permanecer até os dias atuais, assim concebemos que para o homo sapiens as ideias têm significado e importância histórica. Também reconhecemos que homens e mulheres com boas ou más intenções no poder são direcionados por serem pressupostos e poderem alterar o destino de nações. A política e a economia são duas grandes fontes que governam o mundo, e conduzir a gestão para além dos anseios particulares, amparado na razão, na ciência e ao mesmo tempo manter o humanismo talvez possa ser o grande desafio do gestor, do líder, do chefe, do acionista, do mantenedor, do CEO (Chef Executive Officer) ou em português, Diretor Executivo.
Quando em tempos de fluidez, que as lógicas pessoais são exibidas de forma exponencial nas mídias sociais, e que podemos analisar a partir da ótica dos estudos de Foucault, percebemos que o homo sapiens em sua evolução foi conduzido pelos ensinamentos de Platão, Aristóteles, Descartes e tantos outros que demonstram como acontece a sobrevivência nas distintas sociedades. Vamos partir de alguns princípios da filosofia para resgatar e imbricar razão, ciência e humanismo na busca de propor processos de gestão para liderar e fazer projetos que conduzam o humano para permanência e respeito ao homo sapiens.
Tornar a razão princípio das ações de gestão é reconhecer que somos vulneráveis as emoções, a viés e a erros. Fazer da razão uma meta, é conceber que não existe compromisso com o erro, e que podemos colocar novos paradigmas com mais firmeza, desde que todos compreendam a ética coletiva. Esta era de pós-verdade ou verdades transitórias guarda em si uma lógica, basta apenas observar. E daqueles discursos que adotamos e que atribuímos para Benjamim Franklin “É muito conveniente ser uma criatura racional, pois nos permite encontrar ou criar uma razão para tudo o que se tem em mente”.
Convencionamos que a razão é a crítica à tradição, que a partir de um método é possível chegar à razão e que permite vencer a barreira entre o mundo sensível e o mundo inteligível. A razão e a ciência não são suficientes para promover o sucesso da humanidade e sua prosperidade. Então, o que precisamos?
Do existencialismo de Sartre que é um humanismo. Sartre, em O Ser e o Nada, diz que o homem ao fazer suas escolhas, é conduzido por sua liberdade que lhe é própria, portanto, é o único responsável pelo que faz a si mesmo e aos outros. Aqui também poderíamos recordar de Gramsci, em Cartas do Cárcere, que escreve “vivo, sou partidário, por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes’’. O que para Sartre indiferente da escolha, se um homem age, ou se não age (omissão), e mesmo quando não escolhe está tomando partido.
O movimento crescente para melhorar o ser, o homem inventa o homem, que antes de tudo é capaz de criar, desenvolver e manter seu projeto de humanidade, ou ainda, no cogito de Descartes, “penso logo existo”. Convém acreditar que a razão conduza para o humanismo
Assim, fazer gestão a partir da razão e tendo como foco final o humanismo, o gestor é responsável por sua liberdade, por sua ação, ele existe e precisa dar conta desta existência, dos costumes, da cultura organizacional, da ética nos relacionamentos, tem que fazer-se e fazer florescer os demais de sua equipe, tem que fazer parte da humanidade, assim, ele pode por opção de realizar a utopia, fazer um mundo melhor com a máxima liberdade humana.
Na era da liquidez e do efêmero, que permaneça o respeito as diferenças dos seres humanos, que o diálogo esteja presente, que a qualidade supere quantidade, e que os profissionais em diferentes papeis possam compartilhar do mesmo lado na ceia coletiva na festa dos professores, sem tanta hipocrisia e mediocridade entre os presentes trocados.
- Dinamara P Machado é diretora da Escola Superior de Educação do Centro Universitário Internacional Uninter