Janeiro foi escolhido pelo Ministério da Saúde, em primeiro lugar, como mês de conscientização a respeito da hanseníase.
A doença crônica e infecciosa registra, por exemplo, cerca de 30 mil novos casos por ano, segundo dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Por conta disso foi criada, portanto, a campanha “Janeiro Roxo”, para aumentar a detecção precoce de casos.
Antigamente conhecida como “lepra”, a hanseníase é causada por uma bactéria chamada Mycobacterium leprae, que ao se instalar no corpo tem grande afinidade pelos nervos periféricos.
É por isso que os primeiros sintomas consistem em diminuição de suor em determinadas áreas da pele, sensação de formigamento, perda de pelos e, posteriormente, dormência em partes do corpo.
Outros sinais incluem manchas geralmente esbranquiçadas ou avermelhadas, podendo progredir para nódulos ou feridas, de acordo com o grau de imunidade do paciente.
A ideia da campanha é alertar tanto a população quanto os profissionais da rede de saúde básica para estes sintomas iniciais.
Diagnóstico precoce
A dermatologista e hansenologista Lucia Mioko Ito, professora do Centro Universitário FMABC, explica que o diagnóstico realizado nos primeiros estágios é essencial para aumentar a eficiência do tratamento.
“Caso não seja tratada desde cedo, a doença pode provocar graves sequelas, principalmente nas condições motoras”, explica a especialista.
Pacientes com hanseníase também foram vítimas de muito preconceito no decorrer dos anos, por se tratar de uma condição contagiosa e, em muitos casos, fisicamente aparente.
Mas, a docente da FMABC explica que existem algumas percepções equivocadas a respeito do contágio.
“A principal forma de transmissão da hanseníase é pelas vias aéreas superiores. Apesar de ser contagiosa, nem todas as pessoas próximas do paciente desenvolvem a doença, pois também há necessidade de uma predisposição genética específica. Por isso é preciso fazer exames com quem convive com o paciente assim que o caso é diagnosticado”, conta Lucia.
A médica também explica que o tratamento é feito gratuitamente pelo Sistema de Único de Saúde, com medicamentos fornecidos mensalmente nos centros de referência.
O ambulatório de dermatologia do Centro Universitário FMABC costuma receber, em conclusão, cerca de três novos casos de hanseníase por ano.