População tem, historicamente, menos acesso aos exames preventivos; data marca a luta por direitos na sociedade e relembra seminário nacional realizado em 1996
Em alusão ao dia da Visibilidade Lésbica, celebrado nacionalmente em 28 de agosto, a Prefeitura de Diadema, por meio da Secretaria Municipal da Saúde e da Coordenadoria de Políticas de Cidadania e Diversidades, destaca a importância de garantir o acesso aos cuidados de saúde dessa população, que historicamente, é invisibilizada em seus direitos. A data faz alusão ao 1º Seminário Nacional de Lésbicas (Senale), ocorrido em 1996, na cidade do Rio de Janeiro.
Coordenador do Centro de Referência em IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis) /Aids e Hepatites Virais da cidade, Alexandre Yamaçake afirmou que em muitas consultas médicas, especialmente com ginecologistas, há a presunção de que todas as mulheres realizam sexo com homens. “Existe também, muitas vezes, um entendimento equivocado de que se não há penetração, não é sexo, uma visão falocêntrica e que muitas vezes faz o profissional de saúde não pedir exames que normalmente seriam pedidos para mulheres heterossexuais”, pontuou.
Alexandre defendeu a capacitação contínua dos profissionais de saúde como forma de melhorar o atendimento de populações historicamente invisibilizadas, como as lésbicas, e destacou que questões como expressão de gênero e raça se interseccionam no preconceito do qual elas são vítimas. “É sabido que com mulheres lésbicas de aparência diferente do que se estipula como feminina, ou mulheres lésbicas negras, a discriminação tende a ser ainda maior, seja em serviços de saúde, seja na dificuldade de acesso aos serviços de proteção, como delegacias e canais de denúncia, a exemplo do 180”, afirmou.
Coordenador de Políticas de Cidadania e Diversidades, Robson de Carvalho, lembrou que a data marca a luta das mulheres lésbicas para que ocupem todos os espaços em nossa sociedade e tenham os mesmos direitos garantidos por lei que são da dignidade, igualdade e respeito. “É necessário fazer com que as mulheres lésbicas e bissexuais se integrem ao acompanhamento da saúde de cada uma, pois ainda vemos ausência dessas pessoas em consultas”, concluiu.
A falta de insumos específicos para o sexo protegido entre as mulheres cisgêneras reforça ainda mais a necessidade de um acompanhamento médico periódico, destacou Alexandre. “Diferente da camisinha interna ou externa, distribuídas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e comumente usada no sexo entre corpos distintos ou por pessoas que possuem pênis, para a relação sexual entre corpos que possuem vagina não existe nada que tenha sido fabricado especificamente para essa função”, explicou. “A proteção é feita de maneira improvisada, seja com preservativos externos cortados e usados como barreira de proteção, ou com filmes plásticos odontológicos, que são de difícil acesso”, completou.
Confira as dicas preparadas pela Coordenadoria de Diversidade e pelo Centro de Referência em IST/Aids sobre cuidados com a saúde e direitos das mulheres lésbicas, sejam elas cis ou trans.
Autoexame das mamas
Fazer o autoexame das mamas uma vez ao mês e ir à consulta regularmente para um exame clínico são alguns cuidados que as mulheres que não amamentaram precisam ter, já que há um maior risco de desenvolver câncer de mama. A mamografia de rastreamento é realizada em mulheres na faixa etária de 50 a 69 anos e, quando necessário, o médico pode solicitar o exame para investigar se há suspeita de câncer de mama.
*PREVENÇÃO ÀS ISTs*
Mulheres que fazem sexo com mulheres não estão livres de contrair Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). Em qualquer relação sexual, com ou sem penetração, pode haver transmissão de doenças. As formas de prevenção são distintas segundo cada prática sexual, sendo que a maioria das ISTs podem ser tratadas e/ou curadas com o tratamento adequado. Algumas IST com maior prevalência são: candidíase, tricomoníase, vaginoses, infecções, urinárias, hepatites B e C, sífilis, gonorreia, herpes genital, HPV ou condiloma e o HIV. As IST/HIV não tem a ver com orientação sexual e sim com as práticas sexuais.
*CUIDADOS BÁSICOS*
1. Manter mãos, unhas e áreas genitais sempre limpas.
2. Ao usar acessórios (dildos, vibradores etc.) use SEMPRE camisinha.
3. Recomenda-se maior cuidado ao fazer sexo com parceira menstruada.
4. Esses cuidados se aplicam a parceiros (as) com HIV/Aids ou não.
5. Nunca compartilhe seringas, agulhas e drogas injetáveis.
6. Objetos como alicates de cutícula, aparelhos de barbear, pinça de sobrancelhas e cortadores de unhas devem ser sempre individuais e nunca compartilhados.
*SAÚDE DA MULHER*
Busque na UBS mais próxima de sua residência atendimento com a equipe de saúde para cuidados em saúde da mulher e também para coleta do exame de Papanicolau, que ajuda a detectar o Vírus do Papiloma Humano (HPV) em mulheres cisgêneras. Um dos sintomas da doença é o aparecimento de verrugas transmissíveis. Para mulheres trans a indicação é procurar o ambulatório DiaTrans, que realiza acolhimento diariamente e por livre demanda. O equipamento fica no Quarteirão da Saúde, Avenida Antônio Piranga, 700, 2º andar.
*DENÚNCIAS*
No que se refere à questão de gênero, há incidência de sofrimentos emocionais e adoecimentos relacionados a saúde mental e de ampla violência (familiar, conjugal, no trabalho). Mulheres cotidianamente sofrem com o machismo e a misoginia e diversas formas de discriminação. Destacamos que a Central de Atendimento à Mulher (ligue 180) presta uma escuta e acolhida qualificada às mulheres em situação de violência. No município de Diadema, é possível também recorrer à ouvidoria, que vai auxiliar no encaminhamento das queixas. O serviço pode ser procurado de segunda à sexta-feira, em horário comercial, na Rua Almirante Barroso, 111, Vila Dirce, pelo e-mail coordenadorias@diadema.sp.gov.br ou pelo telefone 4057-7925.
Adoção
As leis do País permitem a adoção independentemente da orientação sexual, gênero ou estado civil.
Procure sempre, em conclusão, um profissional para receber orientação clara e objetiva.