Na sexta-feira (8/5) teve alta do Hospital e Maternidade Márcia Braido, a pequena Maria Clara. Uma bebê vitoriosa que nasceu com 28 semanas e pouco mais de um quilo, após ser submetida a duas cirurgias intrauterinas para transfusão de sangue, até então inéditas na rede pública de São Caetano do Sul.
A mãe, Andreli da Silva Ribeiro, estava sendo acompanhada pelo pré-natal de alto risco e foi internada para fazer a transfusão intrauterina, procedimento necessário devido a doença hemolítica perinatal, causada pela incompatibilidade entre grupos sanguíneos da mãe e do bebê.
Nos 22 dias de internação, o procedimento precisou ser feito duas vezes e a bebê entrou em sofrimento, o que antecipou o parto. Maria Clara nasceu no dia 5 de março, com 28 semanas e pouco mais de um quilo. “Foram 63 dias de UTI, lutando pela vida. O quadro dela era grave, precisou ser entubada, tomou antibióticos e, como todo prematuro que precisa de UTI, os pais tiveram que aceitar que teriam uma longa jornada de espera, incertezas e ansiedade pela frente“, explica a coordenadora da UTI Neotanatal, Daniela Gomide Cunha Moura.
Andreli passava o dia todo no hospital, tirava leite para a bebê e acompanhava de perto sua evolução, até que no meio de todo o processo ela e o marido descobriram que estavam contaminados com a covid-19 . “Um dia comentei que estava com uma dorzinha de garganta. Imediatamente fizeram o teste e descobriram que eu estava contaminada. Eu e meu marido, quase que assintomáticos, mas estávamos com a doença. Foram 21 dias sem poder ir ao hospital e chegar perto da minha filha, mas a equipe me enviava fotos, vídeos e mensagens que foram acalentando meu coração”, explica a mãe.
Superados todos os traumas, Andreli pôde comemorar o Dia das Mães em casa ao lado de Maria Clara, que deixou o hospital na sexta-feira com 1,9 kg , todos os exames normais e mamando no peito. “Depois de tudo que passamos é uma alegria imensa ter minha filha em casa.”
Andreli foi surpreendida com a gestação de Maria Clara, pois ela só tem uma trompa e um ovário.
Após sua última gestação, há dez anos, quando infelizmente perdeu o bebê com a doença hemolítica perinatal, achou que não engravidaria mais. A recém nascida Maria Clara tem mais três irmãos, duas meninas, de 12 e 20 anos, e um garoto de 17 anos. “Hoje meu sentimento é de gratidão pelos médicos que me atenderam no pré-natal, fizeram meu parto, os procedimentos na minha filha e cuidaram dela com tanto carinho na UTI”, finaliza.
Texto: Gisele Lopes