Por Dom Pedro Carlos Cipollini, bispo diocesano de Santo André (ABCD)
O Natal vem chegado. Mesmo em meio à pandemia atenuada, se preparam algumas festas ou encontros, para celebrar o Natal e a Passagem do Ano. A cidade se apronta para encontros, confraternizações e amigos invisíveis. Mais um Natal, o qual se transformou na festa de Papai Noel, mas que todos sabem, é a festa do aniversário de nascimento de Jesus. Celebração cristã da encarnação do Filho de Deus: Jesus!
Os anjos cantam em Belém: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados”. Jesus veio manifestar a glória de Deus e seu amor pela humanidade. A simplicidade na qual o Filho de Deus se mostrou a nós é sinal da sabedoria que poucos compreendem. O Natal é festa da alegria. Na concepção bíblica da alegria ela é “satisfação da alma”. Por isso quando ela existe desta maneira, ninguém pode tirá-la.
Talvez, com tanta preocupação de dar e receber presentes, de concentrar a festa no seu aspecto material, muitos terão bastante contentamento no Natal, mas pouca ou nenhuma alegria. Mais que contentamento e satisfação, Jesus vem trazer alegria, forma de comunhão fraterna, esperança e amor. Jesus vem trazer-nos uma alegria que pode livrar do desespero.
Com uma frase pessimista se exprimia Lord Byron: “Não pode o mundo nos dar alegria igual à que nos tira”. O mundo não, mas Deus pode dar-nos uma alegria que não tem fim. Porém, é preciso acreditar nele, buscá-lo e procurar ouvir sua Palavra!
É preciso contemplar o presépio. Olhá-lo e meditar sobre o acontecimento. Vá a uma igreja e olhe bem o presépio. Ele representa algo importante que Calvino, o reformador de Genebra, qualificou como “theatrum gloriae Dei; o mundo é teatro da glória de Deus. Deus fez o mundo inteiro como um palco para mostrar sua glória em todos os acontecimentos e circunstâncias.
Jesus nasceu em meio ao drama da ocupação romana na Palestina. O presépio está instalado em meio a este drama de injustiça e ódio, mas nele só tem paz e alegria, como anunciam os anjos (cf. Lc 2,10-11). É uma mensagem a nos dizer que, em meio ao desenrolar conturbado da vida, é possível ter alegria, pois, não é a maldade que tem de sair de nós, somos nós que temos de sair da maldade. Nós vencemos o mal fazendo o bem. Não há nada mais forte que a solidariedade, a fraternidade, para derrubar o império da tristeza que escraviza a humanidade.
Deus é glorificado quando estamos alegres, quando fazemos os outros alegres. O sentido da vida humana é esta alegria repleta de gratidão. Esta alegria que nos livra do “por que e para que?” a fim de vivermos plenamente cada instante como graça, graça que nos torna livres.
A sociedade atual de alta tecnologia, tem a possibilidade de multiplicar as ocasiões de prazer, no entanto, ela encontra dificuldades em fornecer a alegria. A alegria que provém de outra fonte que não a material. A alegria é espiritual! Prova disso é que às vezes não falta o dinheiro nem o conforto, mas está presente o tédio, tristeza, angústia e não raro desespero.
Foi da fonte espiritual de sua fé e seu amor que São Francisco, já fraco e quase cego, no final de sua vida pode compor o Cântico das Criaturas, louvando a Deus pelo irmão, sol, a irmã lua e todas as criaturas. Um hino de alegria que nos emociona até hoje.
Desejo a você meu caro leitor, o dom da alegria neste Natal! Feliz Natal!”