Abrindo série de singles do projeto nascido em homenagem ao centenário da escritora Clarice Lispector, a música Clarice Clarão chega às principais plataformas de streaming e no Sesc Digital em 10 de dezembro
A poeta e compositora Beatriz Azevedo incorpora trechos da obra de Clarice Lispector em canção inédita. Criada especialmente para o projeto Clarice Clarão, que se desdobrará no primeiro semestre de 2022 com novas faixas. Na sexta-feira, 10 de dezembro de 2021, quando se celebra o 101º aniversário da escritora brasileira, o single Clarice Clarão estreia nas principais plataformas de streaming e também no Sesc Digital, plataforma do Sesc São Paulo que oferece o conteúdo gratuitamente sem necessidade de cadastro.
“Amar não acaba. É como se o mundo estivesse à minha espera. Eu vou ao encontro do que me espera” diz o refrão da canção, em trecho musicado da crônica “As três experiências”, de 1968. Beatriz dá voz aos escritos de Clarice, que foi uma escritora prolífica em cartas, romances, contos, crônicas, textos jornalísticos. Clarice Lispector circulou por gêneros literários diversos e assumiu personas diferentes para publicar seus textos. Como diz a pesquisadora Yudith Rosenbaum, Clarice era “essa escritora ucraniana, judia, nordestina, carioca, brasileira e estrangeira”. Múltipla, como seu legado à cultura.
A convite da Princeton University, Beatriz Azevedo criou o espetáculo Now Clarice, para celebrar os 100 anos da escritora, interpretando, ao lado de Moreno Veloso, canções originais e trechos da obra luminosa de Lispector. Filmado ao vivo em novembro de 2020, o show reuniu ainda os músicos Jaques Morelenbaum e Marcelo Costa.
Maria Bethânia também está no projeto Clarice Clarão, em uma participação especial que ressalta a teatralidade da proposta. As pinturas e desenhos que compõem o projeto visual do álbum e as capas dos singles são assinados pela artista plástica e filósofa Marcia Tiburi.Clarice Clarão é um desdobramento do audiovisual somado ao interesse da artista pela obra de Lispector, reconhecida por seus escritos muitas vezes introspectivos. Nesta faixa, Beatriz Azevedo e Moreno Veloso tocam violão, cantam e celebram Clarice em sua profundidade, acompanhados pelo violoncelo de Jaques Morelenbaum e percussão de Marcelo Costa.
Sobre o single que abre o lançamento do projeto, Beatriz conta que escreveu a composição “sozinha, mas de mãos dadas com Clarice, com seus livros espalhados por toda a casa, num momento de mergulho total em sua obra. Além dos textos, fiquei muito impressionada com as histórias contadas por Caetano Veloso e Maria Bethânia sobre seus primeiros encontros com ela. Na letra da canção eu cito uma palavra que Clarice disse quando assistiu Bethânia pela primeira vez: ‘faíscas’. Essa palavra traduz tanto a intensidade da cantora como a da própria escritora, afinal quem enxerga faíscas conhece o fogo. A música aborda o mistério e o ritual de iniciação pelo qual passaram Caetano, Bethânia, e pelo qual Moreno e eu também estávamos passando: eu vou ao encontro do que me espera. Clarice é um estado de ser, um portal, uma vastidão”.
Beatriz Azevedo é poeta e compositora, multiartista brasileira. Doutora em Artes da Cena pela UNICAMP e Mestre em Literatura Comparada pela USP. Pesquisadora de Pós-Doutorado Unicamp / Fapesp. Estudou música no Mannes College of Music em Nova York e dramaturgia na Sala Beckett em Barcelona. Gravou os discos A.G.O.R.A, AntroPOPhagia ao vivo em Nova York, Alegria, lançados pela Biscoito Fino no Brasil e pela Discmedi na Europa; e Bum bum do poeta, pela gravadora Natasha Records no Brasil e pela Nippon Crown no Japão. Suas composições musicais foram cantadas por Adriana Calcanhotto, Matheus Nachtergaele, Moreno Veloso, Tom Zé, Zelia Duncan e Zé Celso Martinez Correa, entre outros. Criou parcerias com Augusto de Campos, Cristovão Bastos, Hilda Hilst, Moreno Veloso, Oswald de Andrade, Raul Bopp, Vinicius Cantuária e Zélia Duncan. Escreveu os livros Abracadabra (selo demônio negro), Antropofagia Palimpsesto Selvagem (Cosac Naify), Idade da Pedra (Iluminuras), entre outros. Beatriz Azevedo apresentou-se no Lincoln Center e no Museum of Modern Art (MoMA), em Nova York, além de participar de diversos festivais internacionais: Womex (Espanha), Nublu Jazz Festival (Nova York), Celebrate Brazil at Lincoln Center (Nova York), CMJ Music Marathon & Film Festival (Nova York), Femmes du Monde (Paris), Mirada Festival Ibero-Americano (Brasil), Popkomm Festival (Berlim), Dunya Festival (Rotterdam), Copa da Cultura (Berlim), Art Anthropophagie Aujourd’hui (Paris), Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), Verizon Music Festival (Nova York), entre outros. https://www.beatrizazevedo.com
Moreno Veloso é cantor, compositor e produtor musical. Estudou física na faculdade, mas atua como músico no Brasil e no exterior. Primeiro filho de Caetano Veloso e da atriz Dedé Gadelha Veloso. Desde criança, Moreno começou a compor canções em parceria com o pai; “Um canto de afoxé para o bloco do Ilê”, foi registrada por Caetano no LP “Cores, nomes” em 1982. Em 1997, outra composição de Moreno, “How beautiful could a being be” foi registrada por Caetano no LP “Livro”. Sua música “Sertão”, também em parceria com o pai, foi gravada por Gal Costa. Em 2000 gravou seu primeiro álbum Máquina de Escrever Música, ao lado de Domenico Lancelotti e Kassin, pelo selo Rock it!. Em 2011 atuou como produtor no álbum “Recanto”, de Gal Costa, sua madrinha. Em 2014 lançou o álbum Coisa Boa, seu primeiro disco solo de estúdio, que teve início enquanto ainda estava vivendo na Bahia. A presença da terra natal é evidente em muitas composições de Moreno. Foi convidado novamente por Gal Costa para a produção de seu disco, “Estratosférica” em 2015. Participou do show antroPOPhagia de Beatriz Azevedo em 2016, em apresentações no Oi Futuro no Rio de Janeiro, no Sesc Palladium em Belo Horizonte, e na Caixa Cultural em Brasília. No final de 2018, depois das eleições presidenciais no Brasil, compôs junto com Beatriz Azevedo a canção “Canto”, que está no disco A.G.O.R.A., lançado pela Biscoito Fino em 2019. Ao lado de seu pai e seus irmãos Zeca e Tom Veloso realizou nos últimos anos o espetáculo “Caetano Moreno Zeca Tom Veloso”. Está nos projetos Now Clarice e Clarice Clarão, ao lado de Beatriz Azevedo. http://www.morenoveloso.com.br/