Desde os tempos mais remotos, os seres humanos são nômades por natureza.
Após esse longo período enclausurados, em profunda reflexão, ansiamos voltar a ter esse caráter exploratório.
O projeto busca retornar a essa essência, através da aviação.
Desde a mitologia grega ao futuro que nos aguarda, vai contar sobre o desejo do homem de voar.
Esse conceito fundamenta o Lounge Comandante Rolim Amaro, ambiente de Arthur Guimarães que marca a entrada da CASACOR São Paulo 2021, a maior mostra de arquitetura, design de interiores e paisagismo das Américas, que acontece de 21 de setembro a 15 de novembro de 2021, no Parque Mirante, edifício pertencente ao Allianz Parque, em São Paulo.
Guiado pelo conceito ‘‘A Casa Original’’, tema da mostra esse ano, o espaço é um convite ao deleite, permanência e interação.
Ao adentrar no ambiente, o observador se depara com um ambiente amplo, sem divisões, e um pé-direito generoso. Os alisares, revestidos em pedra, recebem com sofisticação os visitantes que vem e vão.
À direita, o usuário se depara com um jardim interno desenvolvido a partir de uma curadoria minuciosa de vasos vietnamitas, de diferentes alturas e diâmetros, que abrigam plantas características da flora nacional em conjunto com espécies exóticas.
Um tronco de madeira, desenhado a partir de resíduos florestais, se configura como uma escultura mobiliária e suporta uma composição de vasos em vidro.
Os lavatórios, desenhados pelo arquiteto exclusivamente para o ambiente, são compostos por uma pedra natural de características singulares, com uma coloração vinho vívida e intensa.
Originário da Itália, o mármore Rosso Lepanto se configura como uma rocha ornamental super exótica.
Para destacar os detalhes presentes nos veios, a iluminação linear e uniforme, de coloração amarelada, percorre o lavatório em três de suas faces.
Torneiras com acionamento sem toque, favorecem a utilização adequada nesse momento em que vivemos.
À direita da entrada, o observador experiencia obras fotográficas do arquiteto, que representam os aviões em diferentes momentos: em seu hangar; durante o momento de embarque, na pista e em sua decolagem.
Ao lado, obras da série Harbinger do fotógrafo Cole Thompson, representam nuvens em diferentes locais.
No mobiliário, itens icônicos como a poltrona Amoebe, desenhada por Verner Panton na década de 70, pontuam de forma sofisticada e recebem os visitantes.
A composição de mesas, em suas dimensões variadas e tonalidade branca, trazem um destaque em meio a um ambiente em que se predomina uma paleta de cores mais sóbria.
No piso, um desenho intercalado em madeira negra representa, através de proporções, as pistas, interligando os espaços vizinhos através de um eixo cardinal, em que ao final o observador se depara com a vista do estádio.
Em um movimento de continuidade, composição cuidadosa de obras de Daniel Müllen se relacionam com as clássicas poltronas Monopod, de Jasper Morrison.
A mesa dobra, de Rodrigo Ohtake, com uma leveza ímpar contrasta com o sofá em bouclé negro, desenhado por Simone Coste.
Ao lado, a mesa de Patrícia Urquiola traz cor e geometria, através de seu grafismo singular.
O tapete, com sua coloração e trama, amarra de forma adequada os diferentes elementos.
O monitor demonstra, em tempo real, os voos que acontecem a todo momento na cidade de São Paulo.
A marcenaria, em uma composição de madeira e laca de coloração dourada, configura os diferentes momentos de uso do espaço e suporta a iluminação linear, que percorre todo o ambiente.
Ao lado da generosa estante, a mesa de jantar é apresentada de forma imponente.
A composição da mesa é desenvolvida através de um processo de curadoria muito detalhado, em que cada item é escolhido à dedo e tem um propósito.
O sousplat é produzido em prata, com um acabamento polido, que ajuda a destacar os talheres que foram produzidos especialmente para o projeto.
As louças da linha Balcon du Guadalquivir da Hermès, personificam o luxo e o savoir faire.
A bandeja, desenhada pelo arquiteto, traz com muita delicadeza, uma definição geométrica para a composição.
Ao lado, a adega climatizada produzida com o mais alto requinte, traz uma seleção primorosa de vinhos tintos e espumantes dignos de celebração.
Caminhando pela sala de estar, o visitante é acometido por diferentes sensações.
O díptico de Rafael Kamada, tem um destaque fundamental e se configura como ponto central. Através de suas pinceladas, o artista traz ao observador a percepção da fluidez de movimento e faz uma referência (e reverência) à caligrafia japonesa.
Ao lado, o carré Rêve de Mécanique Élémentaire, desenhado por Vincent Leroy para a Hermès, faz uma alusão aos diversos elementos mecânicos que compõe a sua obra.
Contrastando com o restante do ambiente, o sofá longilíneo de coloração clara e suave recebe de forma confortável.
A mesa lateral, desenhada por Oki Sato, traz uma leveza irreverente ao projeto.
A poltrona Cité, desenhada por Jean Prouvé nos anos 30, faz uma composição harmônica com a mesa de Giorgio Bonaguro.
O tapete que delineia a composição, desenhado pelo arquiteto, é produzido de forma sustentável, através de resíduos da indústria fabril.
Em destaque na composição formal do espaço, a instalação de tecidos que faz uma referência aos primeiros aviões produzidos, demonstra através de projeções mapeadas em tempo real, o céu que permeia a edificação em que é realizado a mostra.