Moda entre jovens, o uso do remédio ermatológico sem indicação médica tem chamado a atenção de especialistas sobre risco à saúde do paciente
Que o uso de medicamentos sem indicação médica coloca em risco a saúde do paciente não é, em primeiro lugar, segredo para ninguém.
Mas, a promessa de que seu uso pode provocar efeitos semelhantes ao de uma cirurgia plástica é que a novidade da vez.
Esse fato curioso — e bastante perigoso —, tem chamado a atenção de especialistas na área da saúde desde que um desafio virtual começou a virar moda.
O chamado Desafio do Roacutan (#roacutancheck e #roacutanchallenge).
Ele consiste em usar o remédio indicado para o tratamento de acne na pele para, falsamente, provocar o afinamento do nariz.
“Nenhum remédio pode provocar afinamento, nem encurtamento, correção ou qualquer outro tipo de mudança física no nariz”, afirma, em resumo, o médico otorrinolaringologista e especialista em rinoplastia Edson Freitas.
Sérios riscos
“Quem estiver fazendo uso deste ou qualquer outro medicamento para este fim pode estar correndo sérios riscos, como de sobrecarga renal, alteração no organismo, além, é claro, de estar perdendo dinheiro e tempo”, alerta, da mesma forma.
Por que então os jovens estão usando o remédio?
Segundo o especialista, o que pode estar acontecendo é uma sensação de afinamento nasal.
Porém, na verdade, o que ocorre é uma desinchaço na região, muitas vezes ocasionado pelo acne.
“Quem sofre de inflamações cutâneas pela acne tem vários pontos de inchaço no rosto. O tratamento com o medicamento, na posologia correta, as inflamações vão ser tratadas, as feridas e inchaços vão sumir, dando essa sensação de que o nariz está mais fino”, explica. “Não há mudanças estruturais no nariz, principalmente para quem não tem espinhas e está apostando neste desafio. Se você tem acne, procure um dermatologista, se você tem o nariz mais largo e gostaria de afinar, vá a um otorrinolaringologista ”, orienta.
Sobre o Dr. Edson Freitas
Doutor Edson Freitas é médico otorrinolaringologista pela Universidade de São Paulo, atua como professor instrutor de rinoplastia no departamento de Otorrino da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e é membro da Academia Brasileira de Cirurgia Plástica Facial.
Além da especialização na Universidade de São Paulo, também tem passagem por Cambridge, onde teve oportunidade de aprender diretamente com os principais cirurgiões plásticos faciais da mais prestigiada universidade dos Estados Unidos, a Harvard Medical School.
Referência na cirurgia plástica no nariz, o médico é pioneiro em impressão 3D médica e simulação computadorizada cirúrgica.
Tem seus trabalhos premiados, com destaque nacional e internacional. É autor, em conclusão, de três projetos médicos patenteados (M-scope, Otobone e Ed-angle).