Levantamento mostra que as principais causas são evitáveis
A PNS (Pesquisa Nacional de Saúde) iniciada em 2019 e recém-divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que 7,8 milhões de brasileiros sofreram perda de membro inferior neste período.
A deficiência visual no mesmo espaço de tempo ficou, portanto, em segundo lugar no ranking com quase 7 milhões de casos.
De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier de Campinas o resultado da PNS confirma, acima de tudo, levantamento realizado no mesmo ano pelo CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) do qual o médico faz parte.
A maior causa de deficiência visual apontada pela pesquisa foi, em suma, a catarata, perda da transparência do cristalino, lente interna do olho. Para se ter ideia, quase 1/3, 34,6% dos participantes com 60 anos ou mais, foram diagnosticado com catarata.
O oftalmologista afirma, por exemplo, que além do envelhecimento, outros fatores contribuem com o diagnóstico. Entre eles, o uso abusivo do sal de cozinha apontado por 12,7% dos participantes da PNS. O cristalino, comenta, tem receptores de sódio que em excesso prejudica diversos órgãos, inclusive os olhos, e predispõe à hipertensão arterial.
“O consumo acima dos 5 gramas/dia de sal conforme preconiza a OMS (Organização Mundial da Saúde) também cria depósitos na parede da lente do olho que aceleram sua opacificação”, explica, em resumo.
Outros riscos
A análise da pesquisa pelo oftalmologista também aponta maior propensão à catarata em 9,6% da população com mais de 35 anos diagnosticados com diabetes.
“As frequentes oscilações glicêmicas entre diabéticos aumentam a formação de radicais livres e por isso estimulam a doença. A hiperglicemia, ressalta, pode levar a outras duas importantes causas de perda definitiva da visão. Uma é a retinopatia diabética que forma neovasos na retina e provoca sua degeneração. A outra é o glaucoma neovascular que leva à falta de oxigenação no fundo do olho, podendo causar a perda da visão”, diz.
Sintomas e tratamento
Os primeiros sinais da doença são: mudança frequente do grau dos óculos, perda da visão de contraste, dificuldade de enxergar à noite ou em ambientes escuros, aumento da fotofobia (aversão à luz) e da fadiga visual na atividades online.
Queiroz Neto afirma que no Brasil tanto o aumento da catarata como de outras alterações na visão decorrentes do envelhecimento, como a presbiopia ou vista cansada que ocupa a segunda posição entre as deficiências visuais, supera a de outros países. Isso porque, a velocidade do envelhecimento populacional no Brasil é maior que em outros países. A estimativa do IBGE é que em 2030 a população com mais de 60 anos no Brasil supere a de crianças com até 14 anos.
A boa notícia é que hoje podemos nos livrar dos óculos de leitura, miopia e da catarata de uma só vez. Na cirurgia, único tratamento da catarata, o cristalino opaco pode ser substituído pelo implante de uma lente que corrige a visão para todos as distâncias. Feita com anestesia local, a operação é realizada em 15 minutos e no dia seguinte a maioria das pessoas já enxergam bem.
Prevenção
Queiroz Neto afirma que não é possível evitar a catarata, mas alguns cuidados mantêm o cristalino transparente por mais tempo.
As dicas do médico, em conclusão, são: use óculos com filtro UV nas atividades externas; evite coçar os olhos; durma bem; inclua na sua dieta para melhorar a lágrima e proteger todos os tecidos do olho, folhas verde-escuro, gema de ovo, castanhas, semente de linhaça, frutas e raízes de cor laranja, frutas cítricas, leite e seus derivados.